A viagem com muitas escalas é bastante cansativa. A impressão que eu tinha era a de que já tinha rodado o Brasil inteiro dentro daquele avião e não tinha saído do lugar, parecia mais um ônibus "Grande Circular". Por outro lado, a cada escala vinha uma nova rodada de lanches... Afinal, quando viajar de avião ainda é uma novidade, a hora mais esperada é a do lanchinho.
Quanto às turbulências (isso também era novidade para mim), em alguns momentos, pensei que ia morrer. Eu ficava imaginando a minha mãe chorando ao ouvir a manchete na TV.
Assim como estações, os destinos foram chegando. E as pessoas, aqueles três garotos que me ajudaram a aliviar a tensão daquele dia, foram descendo. O Rio era a última parada. Consegui trocar contato com quase todos. Menos com o "De Menor". Até hoje, não sei como está a vida dele. Não sei se conseguiu um bom emprego e está mandando dinheiro para família aqui no Ceará. Também não sei se outros primos foram tentar a vida nas metalúrgicas depois dele.
Já com os outros dois rapazes, o Diego e o Obede, mantenho contato até hoje (três anos depois). O Diego cumpriu a missão de trazer a avó de volta a Fortaleza. Mas acho que, até hoje, aquela foi a única viagem de avião que ele fez. Por outro lado, o Obede (o que ia tentar a vida como cantor) vai gravar um CD gospel no próximo ano. E, no próximo mês, vai fazer uma turnê pela Europa. Acho que, para ele, viajar tornou-se rotina...
Eu ainda tenho um certo medo de avião, mas já não me assusto com as turbulências... Ah, e a BRA faliu poucos meses depois! Os meninos acham que fomos nós que a levamos à falência depois de aceitarmos o serviço de bordo a cada escala, rsrsrs...
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